{SINOPSE}

Escrito em um período posterior a Revolução Russa e publicado em 1924, Nós, de Ievguêni Zamiátin é considerado o marco inicial para a escrita de distopias. Livros como Admirável Mundo Novo de Audous Huxley e 1984 de George Orwell se inspiraram no estilo de escrita de Zamiátin, tal como aparece no final do livro Nós uma resenha escrita pelo próprio Orwell. 
D-503 é um matemático e engenheiro chefe da Integral, uma nave que tem como missão transportar um diário que consta a forma de civilização do Estado em que eles vivem para outros mundos. Ele narra como é a vida mil anos após a Guerra de 200 anos, que dizimou grande parte da humanidade. O personagem principal descreve a sociedade antiga como selvagem e inconsequente. A liberdade é vista por ele como sinônimo de desorganização. Através de uma narrativa lenta, o personagem principal leva o leitor a conhecer a sociedade por ele tão idolatrada, como fica explícito através de relatos escritos no diário desse protagonista.  

Vivendo em apartamentos de vidro, as pessoas são constantemente vigiadas pelos próprios vizinhos e moradores. Todos têm direito somente a duas horas de liberdade, pois é quando as cortinas se fecham e então é permitido fazer o que bem entenderem.
Através da Tábua dos Mandamentos Horários o Estado estipula a hora de fazer praticamente tudo,  e por meio da mente quadrada do personagem principal, podemos ver como essa ideia que o Benfeitor - a autoridade máxima presente na sociedade - implantou nas pessoas.  
 A objetificação dos indivíduos presente na narrativa, pode ser observada no modo que o narrador trata as pessoas como números de série, como por exemplo: o autor dos diários, D-503 e seus semelhantes de “unifs” (abreviação de uniformes). Uma característica marcante da sociedade é a erradicação total de qualquer resquício de individualidade e prospriedade.
É em meio a essa narrativa e nesse espaço que o personagem D-503 conhece I-330, uma mulher irreverente a essa sociedade opressora. Obviamente eles se apaixonam e o personagem principal entra em conflito entre sua lealdade ao estado e o amor que sente por I-330. Tudo começa a mudar a partir do dia em que o personagem D-503 conhece a I-330, pois ele começa a questionar e duvidar de todas as regras e padrões impostos pelo Estado Único. Aos poucos D-503 vai abrindo sua mente e começa a duvidar de sua sanidade. Começa a perceber que está se apaixonando, sonhando e imaginando, coisas que não são comuns a sociedade. Ele então sente uma forte necessidade de mudá-la ou então conseguir voltar ao tempo de quando era ignorante. Além disso ele se vê no meio de uma revolução que está prestes a acontecer. 

Por meio de uma narrativa lenta, o autor nos leva a um mundo psicológico, dentro da cabeça do personagem principal, com pouca ação e muitos detalhes.

Esse tipo de construção textual pode ser ligada ao fato de ser uma escrita crítica, uma característica forte do autor, como citado na aba da sua bibliografia. É importante notar também que o título do livro, Nós, remete não a individualidade, mas sim ao coletivo, que é tratado de forma muito mais importante do que qualquer traço de ação individual.

E você leitor, quais foram as suas impressões do livro? Qual nota você daria?